Dan Rojas

“190_LFA”, 2023

Audiovisual

63 minutos

Fonte: Material enviado pelo artiste.

Palavras-chave: Música ambient; Ruínas; Estética da lentidão; Hibridismo.

Resumo informado pelo artista: 190 é o ponto, LFA a linha. Endereço desconstruído, destruído, arruinado. Entre os escombros descobrimos vestígios de memórias  concretas e sonoras rodeadas de flora e de sua verde permanência. Beirando a videoarte, o álbum visual e o documentarismo experimental, este vídeo foi desenvolvido numa pesquisa em processos de criação, trazendo cenários imaginados, recriados, inventados. Possibilidades de existência no espaço e no tempo, assíncrona como a própria realidade. Em 190_LFA, encontramos um álbum de recordações já deterioradas – as imagens funcionam como metáforas para a destruição daquilo que é ouvido nas músicas, o fim de seu tempo, ruínas sonoras. Ao longo dos planos encontrados no trabalho, percorremos uma trajetória por entre lugares que foram cômodos da desolada casa de número 190: há planos onde aparentam ter sido quartos, cozinha, banheiro, sala de estar, corredor etc. Como uma visita a um imóvel no qual se pretende morar, conhecemos esta casa procurando observar suas variadas belezas e ouvir seus possíveis passados. Nesses locais ouvimos manifestações de vida, muitas vezes nos situando naquela ambientação específica da casa, porém formatadas e transformadas em algo totalmente novo, reestruturado. A novidade está nessa mescla de temporalidades e sonoridades, que a cada nova música traz detalhes diferentes, sensações diferentes, formas de existência diferentes. Um grande aglomerado de fragmentos aleatórios da realidade. Como base para a disposição destes elementos pensamos a partir da noção do documentário poético e a relação estabelecida entre suas formas de criação sonora e visual. Assim como em Koyaanisqatsi e Berlim: Sinfonia da Metrópole, 190_LFA procura imbricar áudio e vídeo, contudo partindo de uma perspectiva contemplativa e atmosférica. A música constante da realidade se reflete nas ambientações naturais do mundo, e como meio para a transmissão de alguns desses encontros a imagem videográfica funcionou como cenário apropriado. Os doze planos da casa trazem à tona simultaneamente a vida e o fim dela, o que nos transporta para a atmosfera da ruína. Já a estrutura sonora do trabalho se baseia sobretudo na música ambient como estratégia criativa, aliando as diversas estratégias de criação dentro desse gênero a uma de suas vertentes: os field recordings, nos quais podemos reconhecer sonoridades específicas de locais reais. A lentidão e a constante presença de texturas visuais e sonoras ao decorrer do trabalho evidenciam sua propensão à contemplação, e por extensão, à imersão.