Guilherme Ritter
“Orquídea”, 2016
Instalação interativa
Fonte: Registro realizado pela organização do evento.
Palavras-chave: Instalação interativa; Anacronismo; Narrativa; Presença; Sobreposição
Descrição: Experimentação artística interativa que funciona da seguinte forma: de acordo com a aproximação/distanciamento do observador, fragmentos de vídeos, com tamanhos e em posições randômicas, aparecem na tela. A sobreposição entre esses vídeos, que ocorre ao acaso e das mais diferentes formas, cria uma nova narrativa, como um carro em alta velocidade que viaja sob um quarto de um apartamento em chamas, por exemplo. Optei especificamente por usar vídeos produzidos com a finalidade de comunicar, essencialmente, pessoas de sua própria época (anos 80 e 90): comerciais, infomerciais, vídeos públicos educacionais, programas de tv. o que acontece quando um comercial de refrigerante veiculado na TV em 1984 é reproduzido nos tempos atuais? A finalidade era clara e objetiva, divulgar um produto que não existe mais, para um publico que não existe mais, mas o comercial ainda existe, e funciona como o lixo, algo que usamos e não nos é mais útil. Se apropriar dessas imagens imprestáveis significa reciclar, atribui-la a novos significados, confronta-las e criar novas possibilidade e narrativas.
Este objeto artístico é então uma releitura sob uma ótica atual e anacrônica de uma síntese de imagens resgatadas do obsoletismo iminente.
Refiro-me a anacronismo como a prática de observar o passado com os olhos de hoje, Simbioses convida o observador a lançar um novo olhar sob um conjunto de imagens práticas e triviais do século passado, fazendo um convite ao entendimento dessas imagens como um objeto de arte, que comunica e frui das mais diversas formas em cada um que a vivencia. A arte aqui é fruto de uma realocação espaço-temporal dessas imagens, resultante de uma vontade do acaso em contrato com a presença do observador, esse que é por sua vez parte imprescindível da obra. Estes dois elementos criam juntos uma experiência que é construída e reformulada a cada instante, trata-se de uma experiência efêmera que desliza sob o tempo e cria a cada novo momento uma narrativa diferente, cada observador vivencia e cria uma experiência nova e individual, que não se repetirá com nenhum outro, sua presença é parte integrante da obra, a ponto que sem ele, ela não existe.