Palavras-chave: Software-arte; Interface; Opacidade; Distanciamento; Imagem; Arte procedural

Descrição: Todos os arquivos em um computador são resumidos a dois dígitos: zeros e uns. Independente de sua complexidade, quais zeros e quais uns e suas respectivas posições são apenas o que importa para uma máquina poder processar dados. O resultado destes processos é retornado a nós através de um output já traduzido para linguagens que conhecemos. Desta forma, um texto surge na tela como texto entendido por nós, um vídeo nos é apresentado e lemos apenas suas informações enquanto vídeo, um programa executa suas funções e nos mostra os resultados destes processos sem que saibamos ou percebamos o que realmente está por trás dos inúmeros bytes e bits que formam as diretrizes de instruções que este programa possui. Clicamos e digitamos esperando resultados intrínsecos a estas diretrizes e, sem entender o que está por trás, nos tornamos dependentes das possibilidades ofertadas pelos programas. O meio digital (ou binário) é, portanto, transparente a nós.
*exhiBIT* é um software-arte criado pelo coletivo 0xF0A7C: (ou fORMAT C:) que escolhe, aleatoriamente e de tempos em tempos, arquivos do computador do usuário e gera imagens bitmap baseado no conjunto de dados que os compõem, independente do que sejam. O conteúdo binário (bits, bytes e suas posições) do arquivo escolhido pelo programa é, portanto, utilizado como matriz imagética de, por exemplo, sua dissertação de mestrado, o vídeo com a família ou um programa pirateado da internet, assim como seu próprio browser, programa de chat favorito e até mesmo seu sistema operacional. As alterações feitas nestes arquivos alteram, também, as imagens geradas. Um artigo sendo escrito em um momento terá uma imagem e, após o desenvolvimento de mais conteúdo, será possível ver as diferenças, enquanto imagem, dos dois momentos. Desta forma, exhiBIT traz o usuário para um nível mais baixo dos meios binários (ou digitais), tornando-os, assim, menos transparentes e enaltecendo, em forma de imagem, que intimidades, pensamentos, ideias, filosofias e expressões digitalizadas são, em sua forma abstraída, nada mais que arranjos dos mesmos dois elementos numéricos: 0 e 1.